Por Orlando Martins
A comunidade nascente no dia de Pentecostes é um modelo de Igreja
que vivia dentro da unidade do Espírito: Esta Igreja era formada
pelos discípulos, apóstolos, alguns dos espectadores que faziam parte dos 500 que
testemunharam à ressurreição de Cristo e os 3000 que se converteram no sermão
de Pedro. Os membros desta comunidade se reuniam aos domingos, o dia do Senhor.
Neste dia havia dois tipos de cultos a Reunião matutina que era uma ocasião de
louvor, oração e pregação e a reunião vespertina: onde havia o culto de
expressão ágape, ou seja, o culto de ceia, onde os discípulos se reuniam para
lembrar do sacrifício de Cristo através do sacramento da Santa Ceia do Senhor.
Esta comunidade era marcada
pela Koinonia (Gr:comunhão) e seu
membros verdadeiramente se
comportavam como o corpo de Cristo na
Terra (Ef 1.22 e 23)estando firmes nos fundamentos da fé (Ef 2.20), ou seja, na Doutrina dos
apóstolos, Comunhão, no partir do pão e nas orações (At 2:42). “E todos os dias
acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se havia, de salvar” (At 2:47). Para que venhamos a experimentar a
realidade de uma comunidade diaconal urge que venhamos a guardar estes
fundamentos, pois não obstante são eles o caminho do serviço tanto a Deus
(Liturgia) como ao próximo (Diaconia).
Analise exegética
de AT 2:42
Esta comunidade era marcada
pela Koinonia que em português significa Comunhão. Verdadeiramente esta Igreja
se comportava como o corpo de Cristo na Terra (Ef 1.22 e 23), estando firmes
nos fundamentos da fé: “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas,
sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular, no qual todo o edifício, bem
ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor (Ef 2.20,21). Nesta Igreja
havia perseverança em quatro grandes fundamentos: “E perseveravam na doutrina
dos apóstolos e na comunhão,no partir do pão e nas orações (At 2.42)”. O modus
vivendi desta igreja pode ser analisado no Didaque que é o catecismo dos
primeiros cristãos.O Didaque foi escrito no fim do I Século e retrata o modo de
pensar da igreja apostólica, sendo um convite para as igrejas atuais
descobrirem sua origem e, sobretudo o viver de acordo com a vontade de Deus que
segundo este manual o viver é amar e constitui-se em dois caminhos: 1 “O
Caminho da vida é este: Em primeiro lugar, ame a Deus, que criou você. Em
segundo lugar, ame a seu próximo como a si mesmo. “Não faça a outro nada
daquilo que você não quer que façam a você”. Esta é à base do sublime ensino apostólico: 2“Que a sua palavra não
seja falsa ou vazia, mas se comprove na prática”
NESTA IGREJA HAVIA PERSEVERANÇA NA DOUTRINA
Os
crentes da Igreja primitiva sabiam ser a doutrina apostólica importante e a
aplicavam no culto matinal, após o período
de oração e louvor. O povo judeu por natureza é um povo que ama o ensino
da palavra, sendo que dentro da cultura judaica uma criança aos seis anos de
idade deveria ter decorado todo o livro de Levi tico para entender as leis
cerimoniais e aos doze anos conhecer todo o Pentateuco, para que possa ser
versado em todo o tipo de lei.
Os crentes primitivos herdaram do judaísmo o amor pelo estudo e
assim perseveravam nos ensinamentos transmitidos pelos Apóstolos sabendo que
através da palavra eles verdadeiramente seriam discípulos de Cristo. Discípulo significa seguidor e devemos ter
como modelo sempre à pessoa de Cristo através da palavra. Disse, pois, Jesus
aos judeus que haviam criado nele.“Se vós permanecerdes na minha palavra, sois
verdadeiramente meus discípulos” (Jo 8.31), retendo a palavra no coração ( Jo
15.6), sendo limpos (Jo 15.3), para que possamos permanecer no seu amor ( Jo
15.10 ). Com isto iremos produzir obter
um bom conhecimento da lei o que irá resultar em bom testemunho: “À lei
e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva”. (Is
8.20). Paradoxalmente hoje vivemos o tempo do cristianismo fast-food, das
coisas rápidas, dos efeitos dinamites:Onde não existe espaço para o pensar
e para a reflexão. Acerta um pensador,
quando faz uma correlação entre o cristianismo epidérmico dos dias
hodiernos e a coca cola que apenas nos transmite um prazer momentâneo mais traz
males para a saúde.
Muitos
com boa intenção desejam verdadeiramente obter o poder de Deus, mas como não
possuem uma base sólida na palavra acabam por confundir avivamento com
movimento. O avivamento autentico só é possível mediante a busca pelos
fundamentos, como bem respondeu o Senhor Jesus aos saduceus: “Errais, não
conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mt 22.29).Este grupo do oba oba acaba criando a sua própria
linguagem e se distancia da sistematização das escrituras, conforme se vê hoje
nas igrejas as frases de efeito que são
à base de uma cartilha de um grupo que detém a sua própria Teologia a
informalidade: “É mistério, Veja o varão de branco! To vendo anjos voando
aqui! Queima ele Jeová!” Estes jargões são típicos de pessoa que buscam apenas
o poder e não a palavra que é a verdadeira fonte deste poder, o que acaba por
culminar numa espiritualidade exibicionista e epidérmica onde não somos medidos
pelo que somos ou fazemos, mas pelo poder que possuímos. Os proponentes deste
pensamento defendem que para o crente ter uma vida avivada, basta ele dobrar o
joelho e orar, esquecendo-se que a espiritualidade do homem é medida pela disciplina
e não pelos sacrifícios. A Religião não deve desunir, mas sim trazer união e
comunhão no Espírito. Quando a busca por sinais e maravilhas não vir
acompanhada por piedade e santificação, esta irá ser a base para um
cristianismo epidérmico, sem vida e árido, onde irá imperar a Religião de Poder
aquela que oferece pouca qualidade bíblica, pois lhe falta credibilidade
perante a sociedade. Acerta um teólogo quando afirma – “De 1517 até os anos 30 Jesus Cristo era considerado
pelos homens como o grande rei em que todos os tesouros da sabedoria e do
conhecimento nele se encontram. Já dos anos 30 até os dias atuais os profetas
da prosperidade consideram Jesus Cristo como o grande mágico em que em sua
cartola estão escondidos todos os tesouros da riqueza e da prosperidade”.Sobre
estes pensamentos convêm os leitores lerem os seguintes livros: “A crise de ser
e de ter e a Celebração da disciplina do
escritor norte americano Richard Foster”.
A Teologia
informal
A Teologia informal faz
parte de uma crença não refletida, tendo apoio mais em experiências isoladas do
que na sistematização da doutrina. Geralmente este grupo pensa ser pecado
estudar, mais se esquecem que o estudo é uma recomendação, pois encontra amparo
bíblico, como em João 5:39, podemos encontrar a palavra “Examinai”, ou
seja,estude os detalhes, para que bem conheçam o que é certo e cresçam em Deus
(Js 1.8 e Ap 3.13). Os que defendem a Teologia informal [OM1] pecam ao confundirem espiritualidade com misticismo e simplicidade
com ignorância cultural. Por falta de conhecimento Bíblicos alguns
destes afirmam que a letra mata, mas por
não lerem todo o contexto confundem a
letra da lei judaica que era o talmude ou os 613 preceitos da constituição de
Israel com a palavra de Deus. É simples de se entender basta ler todo o
contexto: “O qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não
da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica. E se o
ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de glória, a ponto
de os filhos de Israel não poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória
do seu rosto, ainda que desvanecesse, como não será de maior glória o
ministério do Espírito! Porque, se o ministério da condenação foi glória, em
muito maior porção será glorioso o ministério da justiça” (II Co 3.6-9). Neste
contexto não se observa nenhuma alusão
ao cânon fechado, pois a Bíblia,
não tinha sido totalmente formada. Paulo
nesta passagem estava se referindo ao modo de interpretação da lei promovida
pelos lideres do judaísmo que com preceitos judaicos sem vida só condenavam e
apontavam sem nenhuma misericórdia. Ao contrario do ministério do Espírito
(Dispensaçao da graça) onde a salvação esta disposta a todos. Basta observar
que a espada do Espírito é a palavra (Ef 6.17), que deve ser examinada porque
nela se encontram as palavras da vida eterna e são elas que de mim (Jesus)
testificam (Jo 5.39). A missão do Espírito Santo na terra é convencer o homem
do pecado, da justiça, e do juízo, ensinando apenas as palavras de Jesus, pois
o ministério do Espírito é lembrar de tudo aquilo que lemos na palavra e
vivifica-la em nossas mentes.
A
Letra da lei e o ministério do Espírito
Apêndice: Se
a letra matasse, não haveria tanta reverência com a palavra como houve por parte
dos homens de Deus ao longo da narrativa bíblica.
Moisés ordenou que os Sacerdotes
e os levitas lessem à lei de sete em sete anos perante o povo (Dt 31.9-11) e
para que estes não se esquecessem da lei do Senhor e assim viessem a andar
retamente: “Ajunta o povo, homens e mulheres, e meninos, e os teus estrangeiros
que estão dentro das tuas portas, para que ouçam, e aprendam, e temam ao
Senhor, vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras desta lei” (Dt
31.12). “Esdras o escriba preparava o seu coração diariamente para buscar lei
do Senhor (Ed 7.10), sendo ele um “escriba “ mestre”, leu a lei diante do povo (Nee 8:1-12), após o
retorno do cativeiro babilônico de setenta
anos e com isto o povo judeu foi avivado pela palavra: “E Neemias, e o
sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo disseram a todo
o povo: Este é o dia consagrado ao Senhor, vosso Deus, pelo que não vos
lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei”
(Neemias 8;9). Era um avivamento gerado pelo arrependimento do povo mediante um
ensino poderoso da lei. No contexto neotestamentário o apóstolo Paulo orientou
que Timóteo seu filho na fé, Procurasse
se apresentar como obreiro aprovado (II Tm 2.15) manejando bem a palavra que no
grego significa corte reto. Cortando sem erros, para que se afastasse de todo o
tipo de heresia e deste caminho não se apartasse.
E você meu irmão tem procurado ter uma vida
aprovada dentro dos parâmetros Bíblicos? Ou tem vivido uma vida sem propósitos.
Segundo uma pesquisa do Instituto Cristão de Pesquisas (ICP), 90% dos
evangélicos brasileiros não lêem a Bíblia diariamente. Lembre-se o segredo da
verdadeira prosperidade espiritual é meditar na palavra (Js 1.8). A meditação
na palavra conduz a verdadeira sabedoria, gera
temor e respeito pelas coisas sagradas, tornando o homem mais maduro para
responder e dar razão de sua fé a qualquer um que a pedir: “e estai preparados
para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da
esperança que há em vós” (I Pe 3.15).
NESTA IGREJA HAVIA PERSEVERANÇA NA COMUNHÃO
Uma Igreja onde os crentes são
fundamentados desenvolve-se naturalmente
o fruto do Espírito, o que irá gerar
amor nesta comunidade: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos
anjos e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou o sino que tine”.(I
Co 13.1). Este amor no original grego significa agapao ou ágape que é um fruto
ou conseqüência do amor. Na igreja primitiva havia comunhão, os cristãos viviam
verdadeiramente o amor ágape. Um provérbio japonês assim nos ensina. “Devemos
ser construtores de pontes que nem os japoneses e não ficarmos em muralhas que
nem os chineses”. Numa comunidade de fé onde a graça de Cristo superabunda o Espírito
tem liberdade para agir nos corações gerando assim à comunhão (II Co 13.13).
A verdadeira obra
do Espírito
A verdadeira liberdade do Espírito não esta nas
manifestações exteriores, mas nas interiores que envolvem a área do caráter,
ética e amor ao próximo. Quando o Espírito Santo tem liberdade em nossas vidas,
ele nos torna crentes mais piedosos o que irá conduzir-nos a um relacionamento
interpessoal mais intenso, norteando nossas ações durante o dia a dia, para que
como servos de Deus possamos manter o vinculo da paz através do amor (Hb 12.14,
At 2.44 e At 2.45) Esta Comunhão só é possível quando verdadeiramente passamos
a amar o nosso próximo. Sobre isto bem
definiu numa reflexão muito profundo o pastor e pensador pentecostal Paulo
César Lima: “Meu próximo não é aquele que eu encontro pelos caminhos da vida,
mas aquele em cujos caminhos eu me coloco”. Havendo comunhão na Igreja o
amor de Deus é verdadeiramente expressado entre os membros através do Ágape que
no original grego significa amor divino, aquele que emana de Deus para o homem,
gerando uma verdadeira koinonia: “Todos os que criam estavam juntos e tinham
tudo em comum” (At 2.44) e não apenas um ritual religioso, como observamos hoje
em alguns templos, cristãos que vem a Igreja apenas para cumprir um
ritual ou tradição, perdendo assim todo o encanto pela obra e pelo próximo. A
espiritualidade genuína aproxima e não divide, fazendo com quê o homem entenda
que a mesmo amor que o leva a estender a
mão para adorar a Deus, deve ser o mesmo amor que leva a estender o
braço para ajudar ao próximo.
COMO CONSEQUÊNCIA HAVIA PERSEVERANÇA NO PARTIR DO PÃO
No culto de
expressão ágape ou de Santa Ceia, havia o momento do partir do pão como um ato de lembrança do sacrifício de Jesus Cristo na Cruz do
calvário: “Semelhantemente também depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este
cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que
beberdes, em memória de mim” (I Co 11.24). Partiam o pão como uma conseqüência
da comunhão, havendo assim a verdadeira expressão do amor ágape que é
expresso em sua máxima dimensão, quando
o ser humano passa a viver uma espiritualidade autêntica, que eleva o braço
para adorar a Deus e estende a mão para
ajudar o próximo. O verdadeiro partir do pão significa a pratica da comuna, sendo que o lema deles era a divisão
em partes iguais de tudo o que era obtido: “E perseverando unânimes todos os
dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza
de coração” (At 2.46).
A Comunhão era
um dos pilares da igreja primitiva
A comunhão era um
dos principais pilares para o crescimento da Igreja durante o período
apostólico, havendo uma benevolência espontânea e voluntária como resultado da
verdadeira compreensão da dimensão do amor de Deus. Esta comunhão era expressa
não apenas em palavra, mas em atitudes, com a do apóstolo Paulo que levantou um
projeto de coleta de ofertas nas igrejas da Ásia em favor das igrejas pobres da
Judéia em especial a de Jerusalém (I Co 16:1-4). Deve o cristão hoje buscar viver uma vida de
generosidade e disciplina para que com isso possa ter um coração mais voltado
para o próximo o que irá gerar comunhão no Espírito.
HAVIA PERSEVERANÇA NAS ORAÇÕES
Etimologicamente falando oração
significa “conversa ou discurso” Quando eu oro eu falo com Deus e
quando eu leio a Bíblia Deus fala comigo. Você tem falado com Deus através da
oração? Não podemos ter intimidade com quem não nos relacionamos.O Povo judeu
por tradição orava três vezes ao dia: Na
hora terceira que corresponde às nove horas da manhã, na hora sexta que corresponde ao meio dia e na hora nona que corresponde às três horas da tarde. Os povos da
Igreja primitiva além de cumprir este ritual no templo, oravam em outros períodos para que o Senhor
derramasse suas bênçãos. Podemos tomar
como exemplo o período de dez dias de oração para a descida do Espírito no dia de Pentecostes: “Todos estes
perseveravam unanimemente em oração e suplicas, com as mulheres, e Maria, mãe
de Jesus, e com seus irmãos” (At 1.14). A oração persistente é um destaque na igreja primitiva, sendo esta
oração uma resposta ao mandamento de Jesus de esperar em Jerusalém, pela
descida do Espírito Santo. Deus nos
responde quando oramos com propósito (II Cro 6.36-39 e Dn 7.10); mas precisamos
saber entender tanto o sim como o não de Deus.
Deve o
cristão orar em espírito e em entendimento
Muitos cristãos hoje, por falta de entendimento oram de
qualquer maneira. Deve o cristão buscar orar corretamente, sempre aprendendo
esta premissa pela palavra de Deus: “Senhor ensina-nos a orar, como também João
ensinou aos seus discípulos”(Lc 11.1).Folhando a palavra podemos encontra
aproximadamente 650 modelos de oração. Dentre todas estas a maior já
pronunciada é a oração intercessória de Jesus. Ela é a maior, por que quem a
proferiu foi o Senhor Jesus e ela é grande por causa da circunstancia em que
foi proferida (Jô 17). Esta oração numa leitura tem duração de seis minutos, ou
seja, a oração não é autenticada por causa do seu cumprimento, mas sim por seu
peso e qualidade. Quantos irmãos se julgam mais espirituais, por orarem muito!
Na verdade Deus procura por crentes espirituais que o adorem em espírito e em
verdade. Devemos orar muito, mas não achando que é isto que nos torna
espirituais. O que nos torna mais espirituais é a comunhão com Deus, através da
submissão completa a sua palavra. Um bom modelo de vida cristã é a oração do
Pai Nosso que muitos encaram como reza ou algo que deve ser decorado; sendo na
verdade um modelo de ética que deve ser seguido por todo o cristão, pois nosso
viver deve refletir um modelo de oração a ser seguido por todos.
[OM1]Este ramo da Teologia é compreendido principalmente
pelos movimentos estranhos a luz da Bíblia como a Teologia da Prosperidade,
Confissão Positiva, Regressão Psicológica e a Quebra de Maldição hereditária.
(Gl 1:8; Cl 2:14; Rm8 :1)