domingo, 4 de novembro de 2012

EXISTE EVANGÉLICOS SUPERSTICIOSOS?


Pr. Orlando Martins

 
Um evangélico pode ser supersticioso? Pode, e neste estudo veremos como algumas pessoas se deixam levar por práticas supersticiosas. O termo superstição deriva do latim "supersto", que significa pairar por cima, ameaçar, dando a entender algum tipo de temor ou receio religioso, em face do desconhecido ou de forças naturais potencialmente negativas como os falsos deuses, a sorte, o destino etc.

Um léxico define como uma crença fundada sobre sentimentos emotivos, especialmente um temor, sendo crendices alicerçadas sobre a falta de maturidade. Teologicamente falando, superstição pode significar, entre muitas coisas, a falta de confiança na cruz de Cristo, bem como na palavra de Deus. Como discípulos de Cristo, devemos confiar plenamente no seu poder, o supersticioso passa por cima, pois nunca mergulha no oceano da palavra de Deus, sendo um eterno neófito. "E, estando Paulo no meio do areópago, disse: Varões atenienses, em tudo os vejo um tanto supersticiosos" (At 17.22). O Livro de Atos é um livro histórico missiológico dos primórdios da Igreja e nele encontramos relatos que contam o início da implantação da Igreja em Jerusalém, Samaria e na Ásia por intermédio das viagens de Paulo, Barnabé, Silas etc. Quando esteve em Atenas, o apóstolo Paulo encontrou um povo supersticioso, que vivia um sincretismo religioso,havia muita mistura naquela cidade. Adorava-se a diversos tipos de deuses,sendo Atenas o centro religioso do mundo greco-romano, lá havia mais estátua de deuses do que no resto da Grécia. Apesar de toda essa religiosidade, os atenienses ignoravam o verdadeiro Deus (At 17.23).Na mesma Grécia existia a cidade de Beréia, cujo povo analisava tudo para ver se o que Paulo e Silas ensinavam tinha base na lei (At 17.11) e foram considerados mais nobres que os de Tessalônica. Esses eram verdadeiramente nobres , pois rejeitavam toda superstição e rendiam-se ao senhorio da palavra de Deus.

 
SUPERSTIÇÕES ENTRE OS ATENIENSES

 
Em Atenas havia duas linhas filosóficas que permeavam o povo, o pensamento pregado por Estóico e o ensinado por Epicuros. Os estóicos pregavam que os homens eram livres de paixão e aceitavam passivamente tudo o que acontece na vida como destino inevitável. Já Epicuros pregava que o homem deve buscar na tranquilidade o seu bem maior. O povo acabava se tornando muito místico, era muito apegado às coisas materiais, não sabendo discernir as coisas espirituais, porque era altamente politeísta (At 17.6). Chegava-se ao despautério de confundir Jesus e a ressurreição. Como havia uma mente carnal (Cl 2.18), e não a mente de Cristo, confundia-se o ensino de Paulo, concernente à ressurreição,afirmando que esta era esposa de Jesus (At 17.18,19,20).

 
Analisando sob a ótica doutrinária, podemos encontrar diversos casos de superstição entre os personagens bíblicos.

 
Uso da arca por parte dos judeus para garantir a vitória de Israel  em combates contra os filisteus: "E, tornando o povo ao arraial, disseram os anciãos de Israel: Por que nos feriu o Senhor, hoje, diante dos filisteus?Tragamos de Siló a arca do Senhor, e venha no meio de nós, para  que nos livre das mãos dos nossos inimigos" (I Sm 4.3).• Os fariseus usavam os filactérios para espantar maus espíritos e não
tocavam em defuntos. Os filactérios eram pequenas caixinhas de couro que continham citações da lei. Estas eram usadas ao redor do braço e na testa, sendo para eles uma forma de demonstração exterior da guarda da lei, além de uma proteção espiritual: "E fazem todas as obras a fim  de serem vistos pelos homens, pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas de suas vestes" (Mt 23.5).

 
• Herodes, o tretarca, ouvindo sobre a fama de Jesus afirmava que ele era a res surreição de João Batista: "E disse aos seus criados: Este é João Batista; ressuscitou dos mortos, e, por isso, estas maravilhas operam nele" (Mt 14.2).
 

Na quarta vigília, entre três e seis da manhã, dirigiu-se Jesus na direção do barco de seus discípulos, andando por sobre o mar. Contemplando esta cena, os seus discípulos o confundiram com um fantasma: "E os discípulos, vendo-o caminhar sobre o mar, assustaram-se, e dizendo: É um fantasma e gritaram, com medo" (Mt 14.26).

 
Paulo e Barnabé são adorados em Listra. Estavam pregando o evangelho  (At 14.7), quando um coxo desde o seu nascimento, o qual nunca  tinha andado (Mt 14.8), ouvia a mensagem. Porém o apóstolo Paulo observou  nele fé suficiente para ser curado. Assim, disse em alta voz: "Levanta-te direito sobre teus pés". E ele saltou e andou (Mt 14.10). Diante deste milagre os habitantes da região passaram a crer que Paulo  e Barnabé representavam deuses da mitologia grega: "E chamavam Júpiter a Barnabé, e Mercúrio, a Paulo, porque este era o que falava" (Mt 14.12).

 
SE NOS TEMPOS BÍBLICOS HAVIA SUPERSTIÇÃO ,NOS DIAS DE HOJE NÃO É DIFERENTE, POIS MUITOS HOJE VIVEM A TEOLOGIA DO MEDO E NÃO A TEOLOGIA DA CRUZ.

 
Durante a Idade Média, o clero católico, envaidecido de suas conquistas terrenas, diabolizava tudo que fosse contrário ao pensamento dominante, ensinando diversos tipos de superstições, como rezas, amuletos e histórias com fundo dominativo e interesseiro, afirmando que a terra era quadrada, e quem afirmasse o contrário era queimado na fogueira. Chegavam também a afirmar que a peste negra era um castigo dos céus, ou que quem navegasse pelos mares iria cair no abismo do grande dragão, pois ensinavam que a terra era quadrada. Como consequência desses ensinamentos, o povo apegava-se facilmente em anjos, imagens, símbolos ou amuletos. Com o advento da reforma protestante, essa influência tem sido paulatinamente eliminada. Desde a sua chegada ao Brasil, os protestantes buscam combater esses costumes, embora,em alguns casos, isso tenha se tornado uma tarefa cada vez mais difícil.

 
SUPERSTIÇÕES NO CONTEXTO SECULAR

 
- Não passar debaixo de escadas.
 
- Não passar próximo de gato preto. 

- Ter medo de tudo. 

- Considerar sexta-feira, dia 13, como um dia de azar. 

- Considerar agosto como o mês da desgraça.

 

Essa mistura tem se mostrado tão renitente a ponto de influenciar até mesmo os crentes em Jesus. Por falta de um discipulado sério, muitos se tornam cristãos, mas não abandonam o comportamento medroso e acabam trazendo para o seio da Igreja as velhas manias outrora usadas em outras linhas religiosas. Acabam apenas fazendo uma transferência de valores, substituindo amuletos de sorte pela caixa de promessas, por exemplo. A caixinha de promessas é uma bênção, quando usada com sabedoria e não como uma caixinha mágica. Estes, muitas vezes, por falta de uma aproximação genuína com a Bíblia, acabam seguindo qualquer vento de doutrina, a exemplo dos atenienses (At 17.21),sendo presa fácil para qualquer modismo.

 
MEIAS VERDADES

 Hoje existem muitas meias-verdades, mas a Bíblia nos orienta a buscar a verdade, que só pode ser encontrada em Jesus. (Jo 8.32,36). Alguns buscam um Jesus conforme os seus padrões morais e éticos. No início da era primitiva, a Igreja de Cristo foi solapada pelo gnosticismo, uma seita de origem filosófica que enaltecia o conhecimento sobrenatural e anulava o sacrifício e o sangue de Cristo. Os gnósticos compreendiam que Jesus era apenas um "aeon", ou seja, um ser evoluído que fazia ligações entre os mortais e o céu, como qualquer outro "aeon". O gnosticismo incomodou e trouxe muitos problemas as comunidades cristãs nos primeiros dois séculos depois de Cristo.

Infelizmente nos dias hodiernos não é diferente, alguns movimentos estranhos a luz da Bíblia, trazem muito problemas, gerando medo e superstição. Em alguns lugares existem práticas no minimo questionáveis a luz da palavra, tais como: culto aos anjos (Cl 2.18), falsas profecias (Mt 24.11), modismos antibíblicos,Quebra de maldição hereditária e outros ventos de doutrina.

Segundo um dos proponentes da quebra de maldição no Brasil:"Os cristãos têm que fazer quebra de maldição para poderem se libertar das influências malignas". Isso é inconcebível, a Bíblia declara-nos que quando confessamos nossos pecados ele é fiel e justo para nos perdoar e nos tornar uma nova criatura. Por que o cristão justificado pela graça, por intermédio da fé, tem que praticar quebra de maldição? Pior, não querem somente quebrar as maldições dos crentes, mas também a maldição da nação. Segundo uma das líderes de um desses movimentos que creêm nesse tipo de ensino:"No Brasil, é necessário que se faça uma corrente de oração de norte a sul, orando do Oiapoque ao Chuí para que o nosso país possa ser perdoado e nossa terra sarada".

 
ANTIDOTOS CONTRA A SUPERSTIÇÃO E O ERRO
 

Primeiro deve haver um arrependimento genuíno (At 8.14-17), e uma familiarização com a Bíblia, procurando seguir os seguintes passos:

 

Ser discípulo de Cristo (8:31) 

Buscar primeiramente a palavra (Mt 22.29) 

Meditar na palavra (Js 1.8; Sl 119.97; Sl 119.8,9,105; Jo 5.39) 

Perseverar em Oração (At 1:14)
 

Os Cristãos devem ser  como os de Beréia, que analisavam tudo para ver se o que Paulo e Silas ensinavam encontrava base na lei (At 17.11),sendo considerados mais nobres que os de Tessalônica. Acima de tudo, deve buscar os fundamentos da Igreja primitiva, que são: a doutrina, a comunhão, o partir do pão e a oração (AT 2.42), lembrando que não são sonhos e nem visões que edificam o homem, mas a palavra de Deus, fonte de toda a sabedoria e revelação.



Pr. Orlando Martins

Vice-presidente da ADBR em Floripa "Ministério Mais de Cristo",
jornalísta, professor de Teologia e palestrante.

 (48) 41051665; 78122436

pr.orlandomartins@gmail.com

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