Pr.
Orlando Martins
Um
evangélico pode ser supersticioso? Pode, e neste estudo veremos como algumas
pessoas se deixam levar por práticas supersticiosas. O termo superstição deriva
do latim "supersto", que significa pairar por cima, ameaçar, dando a
entender algum tipo de temor ou receio religioso, em face do desconhecido ou de
forças naturais potencialmente negativas como os falsos deuses, a sorte, o
destino etc.
Um léxico define como uma crença
fundada sobre sentimentos emotivos, especialmente um temor, sendo crendices
alicerçadas sobre a falta de maturidade. Teologicamente falando, superstição pode
significar, entre muitas coisas, a falta de confiança na cruz de Cristo, bem
como na palavra de Deus. Como discípulos de Cristo, devemos confiar plenamente
no seu poder, o supersticioso passa por cima, pois nunca mergulha no oceano da
palavra de Deus, sendo um eterno neófito. "E, estando Paulo no meio do
areópago, disse: Varões atenienses, em tudo os vejo um tanto
supersticiosos" (At 17.22). O Livro de Atos é um livro histórico
missiológico dos primórdios da Igreja e nele encontramos relatos que contam o
início da implantação da Igreja em Jerusalém, Samaria e na Ásia por intermédio
das viagens de Paulo, Barnabé, Silas etc. Quando esteve em Atenas, o apóstolo
Paulo encontrou um povo supersticioso, que vivia um sincretismo religioso,havia
muita mistura naquela cidade. Adorava-se a diversos tipos de deuses,sendo
Atenas o centro religioso do mundo greco-romano, lá havia mais estátua de
deuses do que no resto da Grécia. Apesar de toda essa religiosidade, os
atenienses ignoravam o verdadeiro Deus (At 17.23).Na mesma Grécia existia a
cidade de Beréia, cujo povo analisava tudo para ver se o que Paulo e Silas
ensinavam tinha base na lei (At 17.11) e foram considerados mais nobres que os
de Tessalônica. Esses eram verdadeiramente nobres , pois rejeitavam toda
superstição e rendiam-se ao senhorio da palavra de Deus.
SUPERSTIÇÕES
ENTRE OS ATENIENSES
tocavam
em defuntos. Os filactérios eram pequenas caixinhas de couro que continham
citações da lei. Estas eram usadas ao redor do braço e na testa, sendo para
eles uma forma de demonstração exterior da guarda da lei, além de uma proteção
espiritual: "E fazem todas as obras a fim
de serem vistos pelos homens, pois trazem largos filactérios, e alargam as
franjas de suas vestes" (Mt 23.5).
• Herodes, o tretarca, ouvindo
sobre a fama de Jesus afirmava que ele era a res surreição de João Batista: "E disse aos seus criados:
Este é João Batista; ressuscitou dos mortos, e, por isso, estas maravilhas
operam nele" (Mt 14.2).
• Na quarta vigília, entre três e seis da
manhã, dirigiu-se Jesus na direção do barco de seus discípulos, andando por
sobre o mar. Contemplando esta cena, os seus discípulos o confundiram com
um fantasma: "E os discípulos, vendo-o caminhar sobre o mar,
assustaram-se, e dizendo: É um fantasma e gritaram, com medo" (Mt 14.26).
• Paulo e Barnabé são adorados em Listra.
Estavam pregando o evangelho (At 14.7),
quando um coxo desde o seu nascimento, o qual nunca tinha andado (Mt 14.8), ouvia a mensagem.
Porém o apóstolo Paulo observou nele fé
suficiente para ser curado. Assim, disse em alta voz: "Levanta-te direito
sobre teus pés". E ele saltou e andou (Mt 14.10). Diante deste milagre os
habitantes da região passaram a crer que Paulo e Barnabé representavam deuses da mitologia
grega: "E chamavam Júpiter a Barnabé, e Mercúrio, a Paulo, porque este era
o que falava" (Mt 14.12).
Durante a
Idade Média, o clero católico, envaidecido de suas conquistas terrenas,
diabolizava tudo que fosse contrário ao pensamento dominante, ensinando
diversos tipos de superstições, como rezas, amuletos e histórias com fundo
dominativo e interesseiro, afirmando que a terra era quadrada, e quem afirmasse
o contrário era queimado na fogueira. Chegavam também a afirmar que a peste
negra era um castigo dos céus,
ou que quem navegasse pelos mares iria cair no abismo do grande dragão, pois
ensinavam que a terra era quadrada. Como consequência desses ensinamentos, o
povo apegava-se facilmente em anjos, imagens, símbolos ou amuletos. Com o
advento da reforma protestante, essa influência tem sido paulatinamente
eliminada. Desde a sua chegada ao Brasil, os protestantes buscam combater esses
costumes, embora,em alguns casos, isso tenha se tornado uma tarefa cada vez
mais difícil.
- Não
passar debaixo de escadas.
- Não
passar próximo de gato preto.
- Ter
medo de tudo.
-
Considerar sexta-feira, dia 13, como um dia de azar.
-
Considerar agosto como o mês da desgraça.
Essa
mistura tem se mostrado tão renitente a ponto de influenciar até mesmo os
crentes em Jesus. Por falta de um discipulado sério, muitos se tornam cristãos,
mas não abandonam o comportamento medroso e acabam trazendo para o seio da
Igreja as velhas manias outrora usadas em outras linhas religiosas. Acabam
apenas fazendo uma transferência de valores, substituindo amuletos de sorte
pela caixa de promessas, por exemplo. A caixinha de promessas é uma bênção,
quando usada com sabedoria e não como uma caixinha mágica. Estes, muitas vezes,
por falta de uma aproximação genuína com a Bíblia, acabam seguindo qualquer
vento de doutrina, a exemplo dos atenienses (At 17.21),sendo presa fácil para
qualquer modismo.
MEIAS
VERDADES
Infelizmente
nos dias hodiernos não é diferente, alguns movimentos estranhos a luz da
Bíblia, trazem muito problemas, gerando medo e superstição. Em alguns lugares
existem práticas no minimo questionáveis a luz da palavra, tais como: culto aos
anjos (Cl 2.18), falsas profecias (Mt 24.11), modismos antibíblicos,Quebra de
maldição hereditária e outros ventos de doutrina.
Segundo
um dos proponentes da quebra de maldição no Brasil:"Os cristãos têm que
fazer quebra de maldição para poderem se libertar das influências
malignas". Isso é inconcebível, a Bíblia declara-nos que quando
confessamos nossos pecados ele é fiel e justo para nos perdoar e nos tornar uma
nova criatura. Por que o cristão justificado pela graça, por intermédio da fé,
tem que praticar quebra de maldição? Pior, não querem somente quebrar as
maldições dos crentes, mas também a maldição da nação. Segundo uma das líderes
de um desses movimentos que creêm nesse tipo de ensino:"No Brasil, é
necessário que se faça uma corrente de oração de norte a sul, orando do Oiapoque
ao Chuí para que o nosso país possa ser perdoado e nossa terra sarada".
ANTIDOTOS
CONTRA A SUPERSTIÇÃO E O ERRO
Primeiro
deve haver um arrependimento genuíno (At 8.14-17), e uma familiarização com a
Bíblia, procurando seguir os seguintes passos:
Ser discípulo de Cristo (8:31)
Buscar primeiramente a palavra (Mt 22.29)
Meditar na palavra (Js 1.8; Sl 119.97; Sl 119.8,9,105; Jo 5.39)
Perseverar em Oração (At 1:14)
Os Cristãos
devem ser como os de Beréia, que analisavam tudo para ver se o que Paulo e Silas ensinavam
encontrava base na lei (At 17.11),sendo considerados mais nobres que os de
Tessalônica. Acima de tudo, deve buscar os fundamentos da Igreja primitiva, que
são: a doutrina, a comunhão, o partir do pão e a oração (AT 2.42), lembrando
que não são sonhos e nem visões que edificam o homem, mas a palavra de Deus,
fonte de toda a sabedoria e revelação.
Pr. Orlando Martins
Vice-presidente da ADBR em Floripa "Ministério Mais de Cristo",
jornalísta, professor de Teologia e palestrante.
(48)
41051665; 78122436
pr.orlandomartins@gmail.com
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